O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









quinta-feira, 15 de março de 2012

Lembrar Augusto dos Anjos

Na esteira das comemorações do centenário de publicação de "Eu", vamos acrescentar à lista de posts uma rápida biografia do poeta Augusto dos Anjos.

Ele nasceu no Estado da Paraíba, em 20 de abril de 1884, no Engenho Pau d'Arco, situado no município de Sapé. A casa onde o poeta nasceu e passou a infância é protegida pelo Instituto Histórico e Artístico da Paraíba (IPHAEP), e pode ser visitada pelo público.

O pé de tamarindo, que tanta vezes ilustrou o azedume da vida nos poemas dele, ainda continua lá.

Augusto dos Anjos formou-se Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, que hoje integra a Universidade Federal de Pernambuco, mas não exerceu a profissão de advogado. Foi professor e poeta, e faleceu no dia 12 de novembro de 1914 (de tuberculose ou pneumonia).

Muitas estórias cercam de mistério a vida de Augusto dos Anjos. Uma das mais sinistras (e não comprovada) é de que o poema "Árvore da Serra" (cf. http://www.jornaldepoesia.jor.br/augusto.html#arvore) relata o triste destino de uma namorada dele. A paixão era proibida porque a moça era pobre e ele, filho da elite açucareira, então mandaram matá-la.

Augusto dos Anjos é um dos meus poetas preferidos, e acredito que só um grande poeta de verdade pode transformar em beleza toda aquela porcaria que lhe servia de matéria-prima. Não é fácil fazer poemas com "gosma", "escarro", "vermes", "putrefação"...

Tem que ser muito artista, mesmo:

"Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
"Psicologia de um vencido"

Confira outros posts em homenagem ao centenário de publicação de "Eu" :

http://direitoamemoria.blogspot.com/2012/02/centenario-do-livro-eu-de-augusto-dos.html

http://direitoamemoria.blogspot.com/2012/02/comemoracoes-do-centenario-de-eu-de.html

http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/03/eu-centenario.html

Um comentário:

  1. Correção. Aprendi que a casa tombada não é a dele, que foi demolida. Era a casa de Guilhermina, sua ama de leite, onde o poeta passou parte da infância.

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