O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









segunda-feira, 25 de julho de 2011

Noruega: crimes em nome da memória coletiva e da identidade cultural européia

Em momentos de crise, tal como a última crise econômica que se abateu sobre o mundo, não é raro que as pessoas busquem no passado a esperança dos tempos dourados. Um tempo em que as coisas eram "certas", "puras" e "originais", depurando e esquecendo os problemas e questões que esse passado também trazia.

Buscar os tempos dourados significa restaurar a pureza e a grandeza que se presumiam existir. Na verdade, quem adota esse tipo de olhar identifica a "decadência dos valores da sociedade"como causa dos problemas que enfrenta, recusando qualquer mérito às mudanças culturais.

Daí ao discurso de "resgatar a identidade ancestral", "recompor a pureza" é o seguinte passo lógico.

Mas esse raciocínio contém uma premissa bem conhecida e perigosa: é preciso criar fronteiras simbólicas para separar o "nós" (herdeiros da grandeza ancestral, a quem todo bem é devido por herança) e o "eles" (criaturas desumanizadas) que vieram trazer os seus valores decadentes para conspurcar a nossa grandeza, roubando as oportunidades que são nossas por direito.

Para recompor a pureza e a grandeza ancestrais é preciso eliminá-los, arrancando o mal pela raiz. E assim, judeus, imigrantes (de várias épocas e etnias), ou mesmo nacionais de outras correntes políticas e filosóficas tornam-se alvo de uma eliminação sistemática e progressiva, primeiro de direitos, e depois de indivíduos.

Sim, você já ouviu esse discurso antes. Apelar ao passado glorioso, à pureza de sangue e à recomposição das origens foi um dos dogmas do nazismo.

Na Noruega, pelas notícias divulgadas, a idéia do homicida era resgatar a grandeza e a pureza da sua cultura eliminando os "traidores multiculturalistas". Ou seja, aquelas pessoas que admitem valores diferentes (não necessariamente opostos) aos seus, em razão do maior contato cultural entre os povos em tempos globalizados.

Eu me pergunto: qual é a herança, qual a memória coletiva e individual, qua a identidade cultural que esse indivíduo estava protegendo?

6 comentários:

  1. @Fabiana, tu tens que ler uns pedaços do livro que o cara escreveu. Não sei se ainda està disponivel na internet.

    A meu ver a semelhança com o discurso nazista não é tanta assim, a midia é que simplificou para aproximar.

    O discurso dele é mistura de objetividades confusas. Ele sabe o que quer e o que não quer, mas os porquês são "pàginas trocadas, paginas faltando"...

    Digo assim, mas espero que não seja o caso, pois senão a pena seria abreviada. E, francamente, num pais como a Noruega, considerado no ranking mundial como dos mais pacificos, as penas màximas jà são bem curtas (màximo 22 anos) para um criminoso "normal".

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  2. Você tem toda razão. Nessa semana Breivik foi condenado a 21 anos de cadeia (cf. http://www.bbc.co.uk/news/world-europe-19365616).

    O detalhe é que, aparentemente, esse tempo pode ser estendido caso ele seja considerado um perigo a sociedade, mas não consegui perceber pelas notícias se há um limite para prorrogações.

    Os familiares das vítimas consideraram a sentença suficiente, a Promotoria não vai recorrer e nem o réu, porque considera que recorrer significa legitimar a condenação. Realmente, a sociedade norueguesa deve ser uma das mais pacíficas do mundo.

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  3. Gostaria também de destacar a brevidade com que o julgamento aconteceu. Sem dúvida, um julgamento correto e rápido contribui para a superação (não para o esquecimento) do caso.

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  4. Hoje lembrei das vítimas da Noruega. Já faz dois anos.

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  5. Lembrar o massacre na Noruega, 22/07/2011. Cinco anos depois, tantos massacres, tantas vítimas, em tantos lugares.

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  6. Lembrar o massacre na Noruega, 22/07/2011. Nove anos depois, tantos massacres, tantas vítimas, em tantos lugares.

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