O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









sábado, 12 de janeiro de 2013

Conhece-te a ti mesmo, Brasil (2)


Nessa série do blog estou tentando identificar e compreender algumas características atribuídas ao povo brasileiro que, na minha modesta opinião, integram o seu modo de ser e viver, portanto constituem-se em patrimônio imaterial. 

Minha tentativa de compreensão e posicionamento quanto à minha identidade cultural foi iniciada no post http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/11/conhece-te-ti-mesmo-brasil-1.html, onde analisamos a questão da "vontade visceral de ganhar" e seus desdobramentos, como a vontade de levar vantagem em tudo. 

A segunda peculiaridade sobre a qual gostaria de refletir é a questão da impontualidade patológica dos brasileiros.  Entre  nós, os horários não são firmes marcos, são apenas sugestões.  Por exemplo:

- Você é convidado para uma festa às 19 h.  Se você chegar pontualmente, provavelmente encontrará a anfitriã de bobes no cabelo, em meio à azáfama que só um grande atraso produz.

Corre-se o risco, sendo pontual, de ser considerado até mal-educado.

- Eventos culturais em geral nunca começam no horário marcado.  Já vi atrasar até sessão de cinema, como isso é possível?

- Consultas em médicos, dentistas e etc... têm horário marcado ou a temida "ordem de chegada".  Posso afirmar, sem medo de ser injusta, que nunca fui atendida na hora marcada.  E o perigo de me deixar esperando a consulta é que eu fico julgando todos os fatores que levam ao atraso (marcação excessiva de clientes, pouca precisão na fixação do horário de atendimento, falta de planejamento, impontualidade patológica do profissional) e, evidentemente, vou conversar todos esses problemas com as atendentes e outros clientes.

Se adianta alguma coisa?  Do ponto de vista de mitigar atrasos, não.  Mas é um ótimo passatempo e constitui-se em quase um serviço de utilidade pública.

Outros fatores como o trânsito caótico e a falta de horário do transporte público, somados às situações cotidianas acima exemplificadas,  reforçam a nossa impontualidade. É tão palpável essa característica que a exigência de horário torna-se quase uma injustiça e quem é pontual frequentemente é incompreendido.

 Acho tão bonito, em outros países, quando a gente vê um horário de trem ou ônibus assim: 10:03. Dez horas e três minutos!  Aqui a gente arrendondaria o horário logo para 10:30-11h.  E qual não é a surpresa  quando os danadinhos cumprem a promessa e o transporte realmente chega às 10:03...

Eu realmente cultivo a virtude da pontualidade.  Na verdade, eu tento chegar antes nos compromissos o que, de certa maneira, é também uma forma de ser impontual.

8 comentários:

  1. "Eu realmente cultivo a virtude da pontualidade"?!?????????????

    Oi, tudo bem!? Quem é você!?! Por que vc està escrevendo aqui no blog da minha amiga Fabiana!?!

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  2. hehehehehehe...

    Cultivo mesmo, visse? Agora, se às vezes não dá certo, por fatores diversos, não é culpa minha.

    hehehehehehe

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  3. Lembrando bem, acho que o único evento ao qual compareci, que começou exatamente na hora marcada, foi o casamento da minha irmã. É uma coisa rara porque, tradicionalmente, as noivas atrasam e deixar todo mundo esperando era (e parece que ainda é) sinal de prestígio.

    Quanto maior o atraso, maior o prestígio do atrasado. Puff!

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  4. Por isso que tem padre que coloca vàrios casamentos no mesmo dia. Ou seja, a noiva pode até chegar atrasada, mas sairà na hora, pra deixar o lugar pra proxima; e se ela chegar muuuito atrasada, nem entra na igreja, porque não foi convidada para o casamento seguinte.

    Eu vi isso aqui, e achei uma coisa engraçada.

    Acho q pessoas pontuais adoram esse tipo de regra, porque ela é feita justamente para/contra os impontuais. E como na cabeça de uma pessoal pontual, o impontual nunca é suficientemente punido pela irritação que ele faz ao pontual...

    Em relação ao ônibus/metrô que passa na hora, mesmo se a hora é do tipo 9h13, é muito engraçado mesmo :p

    E dizer que vc acha isso engraçado pra um alemão, jà experimentou? :p
    Ele pensa que a gente é doido. E a gente pensa que o doido é ele!!! :p

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  5. Tudo bem, o Sensacionalista é ficção, mas não deixa de ter razão: http://sensacionalista.uol.com.br/2015/04/27/entregar-ir-no-ultimo-dia-e-reconhecido-como-patrimonio-imaterial-do-brasil/

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  6. Acho uma maldade a grande divulgação do sofrimento dos "atrasados do Enem" na imprensa. Captar esse momento em que a impontualidade patológica é punida deve ser uma forma de justiçamento : http://g1.globo.com/educacao/enem/2015/noticia/2015/10/passou-por-grade-esqueceu-caneta-veja-historias-de-atrasados-no-enem.html

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  7. Não devia rir, mas é engraçado: https://www.youtube.com/watch?v=PSA7QwRMV7o.

    Exagero...

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  8. Em 2016, acompanhar os "atrasados do ENEM" virou diversão e espetáculo.

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