O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









quinta-feira, 11 de julho de 2013

Lembrar Hípias de Élis

Eu tive dois heróis na minha infância: um era Alexandre, o Grande (ando meio decepcionada com ele), e ou outro, Hípias de Elis (460 a.C -400 a.C).

Lembro perfeitamente de um grande livro verde, com algumas páginas faltando, que minha mãe me dava para ver as figuras, porque ainda não sabia ler.  Era um livro ilustrado de História, e eu passava as tardes sentadinha, colorindo as ilustrações, e o detalhe é que não era um livro de colorir.  Gostava principalmente de pintar os deuses do Olimpo.

Pois bem, nesse livro havia fotos de esculturas de vários personagens, e as minhas preferidas eram as de Alexandre e Hípias.  Aos poucos, e devido à minha curiosidade patológica, fui lendo um pouco sobre eles e acabei virando fã.

Hípias é um personagem muito interessante.  É considerado "sofista", o que parece ser suficiente para angariar o desprezo e a intolerância do time dos filósofos. Parece que ele era meio fanfarrão, parlapatão (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/09/resgatando-xingamentos-antigos-2.html), gostava de se auto-promover, vituperando (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/01/resgatando-xingamentos-antigos.html).

Gabava-se de saber muitas coisas, e devia ser um personagem interessante. Um brisa de ar fresco naquela comunidade sisuda que se levava tão a sério. Mas, o que me impressionou realmente foi o seu interesse por trabalhos manuais, que eram vistos como um trabalho inferior para homens de sua posição social.

Hípias tecia suas próprias roupas e fazia os seus próprios sapatos, não é genial?  Tenho a maior admiração por pessoas que sabem fazer coisas com as próprias mãos, pois esse é um conhecimento que está se perdendo, em função da industrialização e da compartimentação do processo produtivo (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/02/resgatando-conhecimentos-tradicionais.html). Meu irmão também passou um tempo fazendo as próprias roupas e sapatos, inclusive para mim, e era bem legal.

Voltando ao nosso ídolo, há uma vinculação de Hípias à arte da memória   (cf. post sobre Simonides de Ceos http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/07/lembrar-simonides-de-ceos.html), e também é considerado "pai" da mnemotécnica, o que é bastante compreensível já que se dedicava à Oratória e, como vimos, essas duas atividades sempre estiveram muito ligadas.

Adoraria poder estudar sistematicamente mas, por enquanto, só  deixo a minha memória vagar até o porto de Hípias e lembro dele, de vez em quando.

2 comentários:

  1. No domingo passado (15/09/2013), pedi à minha mãe que me ensinasse a costurar. Tudo por causa de Hípias.

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  2. Atualizando, já estou na segunda aula de "Corte e Costura', e amanhã teremos a terceira. Vou aprender a fazer saias. Já sei toda a teoria para fazer blusas.

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